Como Krishna chegou em casa – Parte I

Na tarde de terça-feira, 09 de outubro de 2012, estava a trabalhar quando o meu celular tocou. Era a protetora de animais, Krishna estava ferido por uma briga com outros cães e se encontrava em um estado muito grave…

Fazia apenas 3 dias que tínhamos estado com ele, a fazer carinhos pela primeira vez depois de 8 longos meses para ganhar a sua confiança, e aquela chamada foi devastadora. O meu horário de trabalho de 09h às 21h nos impediu de nos aproximarmos ao refúgio até sexta-feira, dia 12, dia festivo nacional. Ao chegar ali encontramos um animal totalmente magoado. Todo o seu corpo estava cheio de profundas feridas, uma enorme fenda percorria o seu estômago, e a sua orelha direita tinha sido completamente arrancada, mas a veterinária milagrosamente conseguiu costurá-la. O voluntário que o resgatou da briga, Sebas, ao qual estaremos eternamente agradecidos, disse que Krishna não tinha se defendido. Enquanto 7 ou 8 cães mestiços de galgo e mastim o mordiam, Krishna ficou de barriga para cima no chão e deixou-se matar sem resistência.

As feridas não colocavam sua vida em perigo, visto que não alcançaram nenhum ponto vital, mas o risco de infecção era muito elevado e precisava de atenção 24 horas para alimentá-lo, limpá-lo e curá-lo. Se ficasse no refúgio, certamente não iria sobreviver.

Uma decisão difícil

Foi ali que surgiu um grande dilema entre o senso comum e o coração. A nossa situação pessoal era totalmente inadequada para ter um cão: tempo livre muito limitado pelo trabalho, recursos econômicos escassos, apartamento pequeno e de aluguel, o nosso gato Naeki sem socializar e agressivo com outros animais… E Krishna não era um cão qualquer, precisava de proprietários com conhecimento e experiência para poder reabilitá-lo caso se recuperasse das feridas físicas, já que as feridas psicológicas que arrastava do passado eram muito profundas…

O plano original era uma adaptação progressiva para o cão, que se habituasse aos poucos à trela, a andar de carro, a passear pela cidade, e tê-lo em acolhida até que a nossa situação melhorasse. Isso já não era possível, os acontecimentos tinham se precipitado de maneira inesperados e nós não estávamos preparados para isso…

Mas não podíamos deixá-lo ali a morrer, tínhamos pouco tempo e pouco dinheiro, mas qualquer coisa que pudéssemos oferecer a ele seria melhor do que deixá-lo ali. Krishna tinha se deixado matar, até tal ponto estava cansado de sofrer, mas eu decidi nesse momento que Krishna tinha que viver e eu faria o que fosse necessário para ajudá-lo, não ia permitir que se fosse sem sequer conhecer um pouquinho do lado bom da vida.

O que achas que acontece com Krishna?

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